Mesmo com toda a crise internacional, muitos analistas acreditam que o Brasil provavelmente continuará a sofrer de obstáculos auto-infligidos ao crescimento e ao progresso. No entanto, ainda há esperança.
O gabinete do Presidente – e em particular o muito capaz Ministro da Fazenda, Paulo Guedes – tem um programa muito ambicioso de reformas estruturais destinadas a abordar muitos dos obstáculos mais prementes delineados acima, incluindo o aprofundamento da responsabilidade fiscal (com cortes duráveis na expansão salarial do setor público), a reforma tributária, a privatização de ativos não essenciais do Estado e, finalmente, a abertura da economia hermeticamente selada do Brasil a uma maior concorrência e investimento estrangeiros.
É improvável que as partes mais ambiciosas deste programa sejam promulgadas, dado o foco atual na luta contra o coronavírus, bem como a oposição política persistente a tal reforma profunda, porque os interesses instalados são particularmente contra as reformas fiscais e administrativas por atacado.
Mas, como observado, ainda acredita-se que ainda há alguma esperança. É uma observação poderosa que a única mudança estrutural real que acontece é quando há um momento de crise, quando as alternativas são limitadas e a pressão mais intensa.
O Brasil é um desses períodos, vindo depois de uma longa e extremamente dolorosa recessão ao longo da última meia década. Esperamos que mais venha.
Ainda assim, há a esperança, mas sim no resultado de uma análise fundamentada. Mesmo na ausência de mais reformas, as ações brasileiras são, em nossa opinião, notavelmente baratas.
Embora o Brasil não seja capaz de escapar da “lacuna” do ano de crescimento e ganhos corporativos que este temido vírus impeliu sobre todas as ações globais, eventualmente haverá uma recuperação.
E os sobreviventes – aqueles com ampla capacidade de balanço para investir em marcas, canais, capacidade e inovação – ganharão ainda mais materialmente à medida que os concorrentes saírem ou desaparecerem na maior obscuridade.
Além de o Brasil ter avaliações patrimoniais atraentes, sua moeda está perto do fundo do poço, em nosso ponto de vista. O real brasileiro caiu drasticamente este ano (-30% YTD17), agravando a queda de cerca de 70% nos últimos cinco anos.
Contra o ambiente favorável de taxas de juros estruturalmente mais baixas no Brasil, as ações parecem amplamente atraentes.
Em última análise, os investidores no que consideramos ser grandes empresas e não realmente países. As oportunidades no Brasil incluem empresas como a Lojas Americanas, a gigante do varejo discricionário omnichannel, e a B3, o monopólio de futuros integrados verticalmente e de câmbio de dinheiro.
Ambas têm opções reais significativas, embutidas em seus já poderosos negócios, que não são apreciadas, particularmente nestas avaliações.
Os líderes brasileiros de varejo de alimentos (Atacadao) e minério de ferro (Vale) também apresentam oportunidades sustentáveis.
As valorizações são um componente chave dos retornos e esta crise tem proporcionado aos investidores uma oportunidade de encontrar empresas atrativamente valorizadas, inclusive: Itau, o maior banco do setor privado; PagSeguro Digital, uma empresa fintech líder; e AmBev, o gigante pan-americano da cerveja.
Embora o Brasil possa continuar decepcionando os otimistas, não acreditamos que suas ações decepcionem os cautelosos.